Desvios
2016
Marco-Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul
A fotografia é um segredo sobre um segredo. Quanto mais diz, menos você proclamou Diane Arbus sobre seu ofício. As imagens do fotógrafo brasileiro Geraldo Melo conduzem o espectador através de uma combinação de segredos, demonstrando através das suas lentes como as pessoas interagem e se tornam parte inseparável do ambiente ao seu redor. Seus olhos capturam pessoas e lugares em movimento, permitindo ao espectador vivenciar a emoção do instante retratado, tornando-se parte da cena e sendo atraído pela energia cinética do snapshot.
Excepcionalmente vivazes e grandiosas, cada uma das fotos de Geraldo Melo contém movimento e velocidade cinematográficos, dando a impressão que podem ganhar vida qualquer momento. Há uma extraordinária espontaneidade em sua obra que oferece uma compreensão generosa do mundo e de sua intensa atividade. Cada imagem cria uma narrativa em si que está aberta a inúmeras interpretações, incitando perguntas e oferecendo poucas respostas, pois este não é seu objetivo. Em última análise, cada foto é uma experiência em si, permitindo que o espectador atravesse o limite de molduras e enquadramentos, visitando um território com vida própria, sons e cheiros que eles nunca conheceram, como uma aventura de cinema.
Eu Faço a Minha Própria Flecha
(Portuguese Edition)
Geraldo Melo vê o mundo de uma forma cuidadosa e exuberante, retratando seu estado mais belo. Ao compartilhar sua visão de mundo, Melo nos dá a oportunidade de participar da sua admiração pela maneira como as pessoas se tornam parte de seus arredores, fazendo-nos despertar também para a consciência de comunhão com o todo. Carregadas de vida e energia, cada uma de suas imagens é um amálgama da civilização, mostrando o quanto é importante o sentimento de igualdade e união.
Brilhante e inspirado, o trabalho fotográfico de Geraldo Melo funciona como uma porta de entrada para mundos díspares daqueles que vivemos diariamente, porém sem um grande senso de deslocamento, mas sim com a sensação de continuidade do fazer humano, uma aventura oferecida por sua lente de gênio.
Por Ruthie Tucker – Amsterdam Whitney Gallery